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Ford Ranger 2024: como é dirigir a nova caminhonete?

Picape deu salto evolutivo em dirigibilidade, mas alguns detalhes ainda podem melhorar

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Dianteira alta dá aspecto de robustez à picape
Dianteira alta dá aspecto de robustez à picape Foto: Dianteira alta dá aspecto de robustez à picape

De Mendoza (ARG) – A Ford não poupou elogios à Ranger 2024 durante a apresentação à imprensa. Entre os trunfos, a caminhonete traz um inédito motor 3.0 V6 turbodiesel, além de várias traquitanas eletrônicas. Mas será que a picape é isso tudo mesmo? O VRUM dirigiu a novidade em um trajeto de aproximadamente 70 quilômetros, mesclando asfalto e cascalho, nos arredores de Mendoza, na Argentina, e teve boas impressões.

Primeiramente, vale destacar o bom desempenho do motor V6, que desenvolve 250cv de potência e 61,2kgfm de torque, e trabalha associado ao câmbio automático de 10 marchas. Não que a picape tenha comportamento exatamente esportivo: afinal, trata-se de um veículo com 2.357kg de peso, no caso da versão topo de linha Limited, com a qual a reportagem teve contato.

Mas o fato é que a caminhonete acelera e retoma velocidade com muita facilidade. Nas planas e retas estradas asfaltadas da região, é preciso ficar atento (ou usar o controlador de velocidade) para não extrapolar o limite legal. E as ultrapassagens também não exigem esforço algum.

Além do bom desempenho, a Ford Ranger 2024 agradou também pelo isolamento acústico do habitáculo e pela suavidade de operação do câmbio. Entretanto a transmissão peca ao permitir trocas sequenciais apenas por meio dos incômodos botõezinhos na alavanca.

Apesar de ter mantido a arquitetura com feixes de molas na traseira, sistema que, em tese, prioriza a capacidade de carga, a suspensão demonstrou boa estabilidade em curvas, dentro, claro, do possível para uma picape construída sobre chassis. Sinal que as alterações feitas pelo fabricante surtiram efeito. E a direção elétrica, comunicativa e com grande efeito regressivo, também contribui para a dirigibilidade.

Na terra

O trajeto off-road era composto, majoritariamente, por estradas de terra batida e cascalho. Embora esses trechos não oferecessem grande desafio, foi possível avaliar o modo de tração 4WD, com distribuição sob demanda entre os eixos. Sem dúvida, o sistema prestou bom auxílio sobre o cascalho escorregadio.

Não faltaram as ondulações conhecidas como "costelas de Adão", onde a suspensão mostrou boa capacidade de absorção de solavancos, mais uma vez dentro das limitações de uma caminhonete do gênero. É que, nos locais mais irregulares, não tem jeito: a caçamba ainda pula, como é típico nesse tipo de veículo.

A Ford montou ainda um circuito off-road no test drive da Ranger 2024, com direito às chamadas "caixas de ovos" (buracos em zigue-zague que fazem o veículo retorcer) e à subir e descer uma duna íngreme de areia. Nesse segundo desafio, apesar de estar calçada com pneus para a asfalto, a picape não teve dificuldade alguma, graças à tração 4x4 Low. De quebra, deu para experimentar também o controlador de velocidade em descidas.

Interior da Ford Ranger 2024

Em dirigibilidade, portanto, a caminhonete atende às expectativas. No interior, porém, a Ford parece ter exagerado nos elogios, já que a Ranger 2024 ainda comete alguns pecados. É que o padrão de acabamento, embora esteja acima da média da categoria, não é tão sofisticado quanto o fabricante afirma.

O painel, por exemplo, exibe materiais agradáveis ao toque, sem a aspereza de outrora, mas o plástico duro ainda predomina. Nas portas dianteiras, sim, há uma porção macia na parte superior, mas essa bossa inexiste nas portas traseiras, que têm forração rígida. Ao menos há apoios de braço estofados também ali.

Outro problema é que as acomodações no banco traseiro pouco evoluíram. Passageiros adultos não chegam a ficar apertados, mas tampouco há espaço de sobra para as pernas. Já o assento continua muito baixo, obrigando os ocupantes a se sentarem em posição desconfortável, com os joelhos elevados. Ao menos quem viaja ali ganhou dois difusores de ar-condicionado dedicados e entradas USB dos tipos A e C.

Na dianteira, as duas telas de 12 polegadas, que exibem os instrumentos e a central multimídia, chamam a atenção. Contudo, a grafia do conta-giros, por extenso, não permite boa leitura. Por sua vez, o console central ganhou muitos nichos para pequenos objetos, graças à adoção do freio de estacionamento eletrônico. Segundo a Ford, o novo console ainda permitiu aumentar o espaço para as pernas do motorista e do carona.

(*) Jornalista viajou a convite da Ford do Brasil.